sábado, 26 de junho de 2010

53% dos professores que atuam na rede estadual em Barra do Garças são contratados.

Dos professores que atuam hoje em Barra do Garças, 53% são interinos, ou seja, são funcionários não concursados que são contratados para suprir a falta de professores estabilizados. O Estado de Mato Grosso possui 661 unidades escolares, das quais 16 estão localizadas em Barra do Garças, que atendem cerca de 4mil alunos. Para que as escolas estejam aptas a receber esta demanda trabalham de 397 professores, dos quais 199 são interinos.


Segundo a Assessoria Pedagógica da cidade este número de professores, ocorre devido a uma quantidade signifigativa de falta de profissionais e licença de professores efetivos.O presidente do Sindicato dos Professores Estaduais em Barra do Garças (Sintep) Omar Cirino de Souza, discorda desta posição.Segundo ele, trata-se de economia com os gastos da educação, atualmente no Estado de Mato Grosso,mais da metade dos profissionais da Educação são contratatos temporários. “O grande número de profissionais interinos deve-se ao fator econômico, para o Estado é muito mais viável manter um professor contratado que custa 1/3 menos que um funcionário efetivo, posto que, ao profissional interino não é atribuido o plano de carreira e nem a remuneração das horas-atividades”.As horas atividades referem-se ao período dedicado a preparação das aulas e correções de atividades.


Segundo o professor interino Lindomar Campos Rodrigues, “torna-se muito difícil o trabalho, temos que participar de várias reuniões, organizar diários, prerarar aulas e corrigir atividades avaliativas, e todo tempo gasto nessas atividades, não nos são remunerados e assim, nos sentimos desvalorizados.”


O sindicato afirma que esse tipo de atitude é inconstitucional, já que segundo a Constituição, no quadro de funcionários da rede pública seja ela municipal , estadual ou federal, não é permitido mais que 10% do quadro de profissionais contratados. Para o presidente do Sintep “ o Estado joga com a jornada de trabalho do profissional interino, pois a este são impostas atribuições que não lhe são remuneradas”. Para tanto, é reivindicação do sindicato que seja pago ao professor não concursado horas-atividades.

Por: Heloisa Helena Miranda

Análise Sóciossemiótica.

Para a sociossemiotica o “saber sobre o mundo” é construído pelo sujeito nas suas práticas sociais. Para tanto, ele se utiliza de discursos que não são próprios, mas reproduções de outros. Desta forma, o homem constitui-se um ser de discurso, lembrando que este compreende qualquer manifestação da linguagem. A efetivação do discurso dependerá da sua intencionalidade, que está diretamente ligada aos fatores ideológicos subjacente a ele.

[...] o horizonte axiológico ganha toda sua importância, à medida que comanda a inscrição do socioideológico na troca comunicativa, dirige a organização dos elementos sintáticos, semânticos e retóricos, de tal forma que a escolha de uma metáfora, por exemplo, deve revelar a posição social do enunciador. (SOUZA,2006:138)

No vídeo, ora em análise, temos três campos discursivos: o menino, o cão e a TV. Inicialmente, temos a imagem de uma criança sentada diante da tela da televisão, ela está bocejando, semioticamente, este gesto pode ser compreendido como índice de tédio ou cansaço, o infante está muito próximo ao aparelho e mesmo assim, segura o controle na mão, como se ele quisesse ter o domínio da máquina. Entretanto, o que se percebe é que o aparato tecnológico é que exerce controle sobre o garoto.

Observando a TV pela óptica semiótica, ela seria um sin-signo – icônico – remático, já que temos a relação do representamen com o aparelho. No vídeo a televisão exerce um poder narcótico sobre a criança, que para Mcluhan,

[...] a TV incentiva a criação de estruturas em profundidade no mundo da arte e do entretenimento, criando ao mesmo tempo um profundo envolvimento da audiência. Quase todas as tecnologias e entretenimento que se seguiram a Gutenberg não têm sido meios frios, mas quentes; fragmentários, e não profundos. Orientados no sentido de consumo e não da produção. (2007:351)

Para ele, a TV é um mecanismo que não estimula as potencialidades do intelecto humano. Essa não estimulação é um índice do caráter de dominação ideológica que ela exerce sobre o indivíduo, que fica maravilhado diante da caixa reluzente. Este maravilhamento pode ser observado nas várias acrobacias, realizadas em vans, pelo cão na tentativa de tirá-lo da frente da máquina.

Uma das imagens trazidas pela mídia é o armário onde estão guardados os brinquedos, que geralmente são os preferidos de todos os meninos: a bola, o patinete, o barco e a bicicleta. O cãozinho, na tentativa de chamar a atenção do menino, se dirige várias vezes até esse armário trazendo- lhe de cada vez um brinquedo diferente, mas é em vão. A criança simplesmente ignora o cachorro.

A imagem do vídeo analisada semioticamente, pode nos auxiliar na compreensão da realidade social. Neste caso, o ambiente onde foi feita a mídia nos revela a realidade de uma criança de classe média. Esta possui em casa todo o conforto de que necessita para um bom desenvolvimento cognitivo. Entretanto, a criança não demonstra nenhum outro interesse que não seja ficar estático na frente da TV.

Após as várias tentativas, o cão como índice de frustração apóia suas patas no móvel em que está a TV, percebendo que não importa o que ele faça a criança não sairá da frete do aparelho, essa atitude nos leva a compreender as características interacionistas do discurso, isto é, as relações estabelecidas entre o cão, o menino e a televisão.

Para melhor compreendemos essa relação interacional, utilizaremos a análise plástica do vídeo, atentando-nos para o contexto discursivo no qual o VT foi produzido. Mas temos que observar que:

“A semiótica plástica não busca a compreensão mais fácil de todos os significados assumidos pelas formas visuais, e sim estudar as redes de relações simbólicas e semi-simbólicas, entre o plano de conteúdo e o plano de expressão no discurso visual, sendo assim a semiótica estuda o processo de significação, o sentido (“jogo” de oposições) e não o signo.”(PINTO,2009:61)

Quanto as categorias plásticas utilizadas na elaboração do VT, temos no aspecto cromático a utilização de cores em tons pastéis, na tentativa de explorar a sensibilidade do telespectador, na intenção de levá-lo a reflexão do uso da televisão. No âmbito topológico temos a percepção do espaço que corresponde: a sala e o armário. Temos a noção de alto, representado pela TV num lugar de destaque (plano superior) e o baixo, representado pelo garoto que está sentado no chão como sinal de prostração (plano inferior). Já a categoria eidédica é percebida pela disposição dos móveis, em sua maioria, retangulares que reforçam a idéia de organização e estrutura financeira da família. A noção de extensividade será no VT representada pelas idas e vindas do cachorro da sala até o armário, ou seja, o caminho por ele percorrido como índice de esforço, na tentativa de chamar a atenção de seu dono.

Ao final do vídeo a mensagem diz: “ Hay muchas cosas que se puede saber en lugar de ver tanto la televisón.¿Por que no las pruebas? Aprenda a usar la televisión”, reforçando tudo aquilo que é apresentado anteriormente. Trata-se do alerta sobre o tempo que está sendo gasto incorretamente com a TV.